quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

 
Depois de exatos 45 minutos encarando a tela do celular, decido - finalmente - apagar as suas mensagens antigas turbinadas de amor, carinho e outras melosidades. Eu nunca pensei que pudesse ser tão difícil clicar no botão “deletar” e, em seguida, marcar “sim” como resposta pra pergunta: “tem certeza que você deseja apagar isso?” A verdade é que eu não tenho, mas clico mesmo assim. A primeira mensagem a ser apagada dizia algo como “Amo você, não esquece”. Dói apagá-la, mas sei que é necessário. A segunda também dói, assim como a terceira, a quarta e a quinta. Na sexta já não machuca tanto. Por fim, a última e mais difícil e dolorosa mensagem de ser lida transcreve palavras que dizem: “Nosso amor é pra sempre. Tenta não me esquecer, porque eu sempre vou me lembrar de você”. É bonitinha e rima, eu sei, mas não é verdadeira. Quem esqueceu quem aqui não fui eu, mas tudo bem. Agora chegou a hora de apagar as suas fotos e uma enxurrada de saudade me toma o peito. O seu sorriso que antes também me fazia sorrir, hoje me faz horar. A sua felicidade que antes costumava também ser a minha, hoje me dilacera por dentro. Meu celular está vazio de você, mas o meu coração ainda está lotado com o seu cheiro, o seu nome, o seu calcanhar sexy e a sua barba por fazer. Com um impulso repentino e uma coragem que eu nem sabia que tinha, rasgo todas as cartas românticas e melosas que você me escreveu em todas as datas que comemorávamos o nosso “nós”. Dessa vez o amor se transforma em raiva e eu sou capaz de sentir, apenas por um segundo, o meu peito se esvaziando aos poucos de você. Penso que, enquanto travo uma batalha árdua comigo mesma pra tentar te arrancar de uma vez por todas da minha vida, você está em alguma balada chula brindando o quanto a sua vida é feliz e agarrado com sete mulheres diferentes em cada parte do seu corpo. A raiva cresce ainda mais, mas dessa vez por mim. Fui eu quem me deixei levar pela sua lábia de garoto-errado-certo, mesmo sabendo que eu nunca fiz o seu tipo de garota-certa-errada. Eu gostei de você porque eu quis, ninguém me obrigou. Eu abdiquei do meu tempo com as minhas amigas pra estar do seu lado porque pensei que era a coisa certa a se fazer, mas não é - nunca foi. Você tentou me avisar das consequências, eu sei, mas quando dei por mim, já estava afundando no meio de toda essa massa viscosa e corrosiva que é gostar de alguém como você. A verdade é que eu nunca acreditei nos filmes que mostram o badboy mudando pela mocinha, mas juro que pensei que você tentaria melhorar por mim. O problema não é você, inevitavelmente, não conseguir se prender a uma só pessoa. O problema é você, ainda assim, conseguir fazer com que alguém se prenda apenas em você. E eu, tola e otária, me prendi em tudo de pior que você tinha, porque precisava de um jeito meio absurdo do pouco que você tinha de melhor. Agora eu pretendo decorar mil números diferentes de telefones até esquecer o seu, como também visitar vários amigos de diferentes endereços até esquecer onde você mora. Não é mais um querer, mas sim um precisar: eu não posso mais carregar o fardo de ter você na minha vida, nos meus dias, na minha cabeça, dentro de mim. Por isso, desculpe, mas estou me libertando de todas as correntes que me prendem as nossas músicas, aos nossos filmes, as nossas fotos, aos nossos sabores de sorvete preferidos, aos nossos livros, as nossas poesias, as nossas lembranças. Estou jogando fora tudo o que restou do nosso plural, assim como a minha aliança de namoro e a rosa que você me deu no último mês que estivemos juntos. Sinto muito, mas tive que matar o sentimento mais lindo que já possui: era ele ou eu.

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